A APLOG – Associação Portuguesa de Logística marca presença em mais um espaço de opinião do TRANSPORTES & NEGÓCIOS. Desta vez pela voz de Luís Cruz, Diretor da APLOG
Nas nossas áreas de operações de logística (armazéns e transportes) e de cadeia de abastecimento, o Capital Humano é a variável que sobressai na capacidade de diferenciação de qualidade, serviço e solidez na proposta de valor das organizações do setor.
O valor real das Equipas deve também ser pensado como valor incremental que as nossas Equipas produzem para além do valor esperado. Como um ROI (retorno do investimento) extraordinário, que as empresas conseguem obter com as suas Equipas e, de uma forma recíproca, como este conceito pode contribuir para o desenvolvimento individual e coletivo do talento.
Podemos enquadrar neste conceito de valor das nossas Equipas:
- Por um lado, o valor humano, onde os pontos associados às qualificações, à experiência e capacidade de adaptação à mudança, ao compromisso e nível de envolvimento com os objetivos da organização, a colaboração e capacidade de trabalhar em conjunto, resolver conflitos;
- e o valor cultural, numa ótica de valores e atitudes em alinhamento com a cultura da empresa, e também o impacto positivo no ambiente de trabalho e no clima social.
E por outro:
- o valor operacional e valor estratégico, onde a capacidade para executar as linhas de orientação estratégica com a eficiência e qualidade são fundamentais para as organizações, assim como a agilidade na resolução de problemas e adaptação a mudanças. E aqui, adiciono a forma como incorporamos inovação e melhoria contínua, onde as novas ideias e a otimização de processos podem traduzir-se em valor incremental que as Equipas aportam às organizações.
O potencial deste valor incremental a partir de modelos estruturados de melhoria contínua é imenso, tanto em termos quantitativos (redução de desperdícios — menos retrabalho, menos inventário, menos tempo de espera; melhoria do fluxo; processos mais rápidos e previsíveis; aumento da produtividade — mais output com os mesmos recursos) como qualitativos (maior consistência — menos erros, menos devoluções; melhor cultura organizativa e maior compromisso).
Este ponto de chegada requer, numa primeira fase, compromisso da gestão de topo na implementação, no suporte à construção de um modelo de gestão adequado, na formação das Equipas operacionais em metodologias ágeis de resolução estruturada de problemas, e preparar as Equipas para um compromisso saudável onde todos contribuem e todos se sentem parte da solução.
O ROI das nossas Equipas é o resultado de uma cultura de:
- Inovação de base, onde pequenas ideias geradas, trabalhadas e implementadas, acumuladas, geram grandes resultados. Uma equipa operacional que implementa 2 a 3 melhorias por mês pode gerar dezenas de melhorias por ano. E com impacto direto em segurança, qualidade ou eficiência.
- Resiliência organizacional, com maior capacidade de adaptação às mudanças constantes.
- E de Excelência, com um foco permanente em se fazer melhor.
O desempenho individual está fortemente ligado ao compromisso emocional com a organização, mesmo em funções consideradas não estratégicas. E isso mostra que as/os porteiros, auxiliares administrativos, motoristas, operadores de armazém e técnicos podem ser pilares silenciosos da cultura organizacional.
Empresas que implementam estes modelos com disciplina, conseguem apontar para ganhos de 10% a 30% em produtividade nos primeiros anos.
E, para sermos mais audazes e podermos acelerar a mudança, por que não integrar, logo à cabeça, expetativas quantificadas de eficiência gerada, nos orçamentos anuais das nossas organizações?
LUÍS CRUZ
Diretor de Operações – Logística Sonae MC
Membro da Direção da APLOG